Postado em: 27 de abril de 2025 | Por: Ezequiel Neves

Crônicas do Prof.Gleidinho Lima,Arari e os Sussurros dos Ventos na Beira do Mearim


Por Prof.Gleidinho Lima

Na pequena cidade de Arari, localizada às margens do Mearim, o cotidiano se desenrolava sob a proteção dos ventos que dançavam entre as palmeiras e serpenteavam por entre as casas. Era uma tradição local sentar-se ao entardecer na beira do rio, onde a natureza se apresentava em toda a sua grandiosidade, e os sussurros do vento pareciam contar histórias esquecidas.

Os moradores, com suas cadeiras de balanço e sorrisos acolhedores, compartilhavam vidas e memórias, trazendo à tona lendas que misturavam realidade e folclore. A força do Mearim, que corria sereno, parecia ouvir atentamente as conversas, compartindo seus próprios segredos com cada redemoinho que se formava nas correntezas.

Aos poucos, o sol se despedia, pintando o céu com tons de rosa e dourado, enquanto os sussurros do vento se intensificavam. Era como se orações de gerações se elevassem, um diálogo íntimo entre os que partiram e os que ali estavam, com o rio como mediador. A brisa suave trazia aromas de infância — o cheiro de terra molhada após a chuva, o sabor de festa nas barracas de alimentos e as risadas que ecoavam nas brincadeiras das crianças.

Ali, os pescadores contavam histórias sobre peixes que se transformavam em homens, provocando risadas e olhares cúmplices. As mulheres, com suas mãos ágeis, preparavam algumas delícias da culinária local, enquanto o vento, como um artista, misturava os aromas, criando uma sinfonia perfumada que atraía até os mais distraídos.

Ao longo da costa do Mearim, notava-se também a presença de ararás coloridos, que, ao voar em bandos, pareciam dançar conforme a melodia que o vento entoava. Eles se tornavam o retrato do espírito livre daquele lugar, onde a natureza e o ser humano coexistiam em harmonia, indo e vindo como as águas do rio.

E assim, na pacata Arari, cada dia se tornava uma crônica viva, composta pelos sussurros dos ventos na beira do Mearim. Os laços se fortaleciam, e as histórias se entrelaçavam, criando uma tapeçaria rica em vivências e emoções. A magia do cotidiano estava presente em cada bate-papo ao pôr do sol, na simplicidade de um olhar e na profundidade de um abraço, perpetuando-se no tempo, como os sussurros eternos da brisa que cantava e encantava.

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