Postado em: 16 de fevereiro de 2021 | Por: Ezequiel Neves

Flávio Dino: “Para perder de Bolsonaro a gente tem que errar muito”

 


“Se a esquerda fragmentar muito corre riscos, um perigo que não pode correr. A candidatura do Bolsonaro, embora marcada para perder, é forte”, afirmou o governador do Maranhão em entrevista ao jornal O Globo
Em entrevista ao jornal O Globo, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu a necessidade de diálogo e a formação de alianças para derrotar Jair Bolsonaro em 2022. Na conversa, publicada neste sábado (13), Dino afirmou que seria um “erro monumental” a esquerda ter quatro candidaturas. “Para perder de Bolsonaro, a gente tem que errar muito”, disse.

Ele acredita que a atual fragmentação da esquerda e da centro-direita (que ficou nítida nas eleições do Congresso, com o racha de partidos como DEM e PSDB) ainda vai durar alguns anos.

“É uma fragmentação típica de um período em que o velho já morreu e o novo não nasceu. Acho que essa fragmentação vai continuar por mais uns anos até a gente ter um redesenho do quadro partidário. Então, tem que aglutinar o que der”, afirmou.


Dino também admitiu que Bolsonaro é quem tem o projeto mais estruturado para 2022. “A força gravitacional do Poder Executivo é muito grande e ele hoje tem um projeto mais nítido. De 2018 para cá, ele perdeu muitos setores sociais, mas conseguiu manter um núcleo mais cristalizado, fiel, o que coloca a sua candidatura numa condição muito forte”, declarou.

No entanto, acredita que se a popularidade de Bolsonaro continuar a sofrer estragos, o poder atrativo da caneta presidencial diminui. “Ele é um candidato forte, sólido, mas acho que perde a eleição. Para perder dele, a gente tem que errar muito. É um candidato que pode ir ao segundo turno, mas perde no segundo turno porque faz um governo muito frágil”, avaliou.

Para Dino, as quatro candidaturas de esquerda postas no debate público – ele próprio, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) – podem ser um “ponto de partida”.

“O problema é se virar ponto de chegada. Se a esquerda fragmentar muito corre riscos, um perigo que não pode correr. A candidatura do Bolsonaro, embora marcada para perder, é forte. Provavelmente, vai para o segundo turno. Então, temos que fazer uma mesa, um seminário, um debate, e tentar aglutinar. Se não der em um nome, em dois. Mas quatro realmente acho um excesso, um erro monumental”, disse.

Para Dino, o anúncio precoce da candidatura de Fernando Haddad pelo PT não é a melhor tática. “A chave da derrota do Bolsonaro em 2022 é atrair setores que foram lulistas até 2014, depois bolsonaristas, se descolaram e estão hoje numa posição de centro. Se diz que o candidato é fulano pode criar uma interdição nesse segmento que vai decidir a eleição. Por isso, colocar o nome na frente não é uma tática eleitoral que parece ajustada.”

O governador do Maranhão defendeu, ainda, a necessidade de os partidos de esquerda reciclarem seus programas para dar conta da nova realidade, com novos segmentos da classe trabalhadora, como os motoristas e entregadores de aplicativos. “Tem que modular o programa porque a realidade mudou. O programa de 2022 não pode ser o mesmo do Lula em 2002”, declarou.

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